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sábado, 14 de maio de 2016

O buffet - Veríssimo



Um dos martírios da vida social moderna é o buffet. Ele nasceu como resposta à necessidade de alimentar da maneira prática o maior número de pessoas com o máximo de elegância possível, pois é difícil servir 300 ou 400 pessoas nas suas mesas ao mesmo tempo, a não ser que haja quase tantos garçons quanto convidados. E já que a comida não pode ir às pessoas, a solução é as pessoas irem à comida.

Os críticos mais moderados do buffet o comparam a uma linha de montagem, e fazem uma injustiça. A linha de montagem é mais organizada. Ao redor de uma mesa de buffet o ser humano reverte ao seu protótipo mais primitivo: a fera diante do alimento.

Mas o buffet é irreversível e o negócio é aprender a conviver com ele. Existem algumas regras de conduta que nos ajudam a sair de um Buffet razoavelmente bem alimentados e sem dano,  tome nota:

1)       Antes de mais nada, não obedeça a ordens. É comum o anfitrião sugerir, bem humorado, alguma espécie de hierarquia no acesso ao buffet. Primeiro, as mesas deste lado ou daquele, primeiro os mais velhos, as autoridades, os mutilados de guerra etc. Ignore-o.

2)      Seja o primeiro a saltar da mesa, mesmo fora de ordem. O máximo que pode acontecer é você receber olhares feios. Nunca desmereça as vantagens de chegar primeiro.

3)      Estude o terreno — O planejamento é importantíssimo. Ao entrar na festa, examine cuidadosamente o Buffet, e decore a localização dos pratos mais importantes.

4)      Geralmente, há 17 tipos diferentes de salada de batata. Concentre-se numa para não perder tempo depois.

5)      Faça uma anotação mental do melhor acesso à lagosta, se houver. Lembre-se de que dois ou três pedaços de lagosta valem uma travessa de peito de peru em qualquer mercado de valores do mundo. Decida-se por uma estratégia de ataque. Na hora de avançar, dirija-se resolutamente para os embutidos e, à última hora, desvie rapidamente para a lagosta, confundindo o inimigo.

6)      Se possível, sirva-se com dois pratos, com o pretexto de que está servindo a sua mulherzinha, ou o seu maridinho, também. Se você realmente está com sua mulher ou seu marido, melhor. Ela ou ele pode fazer o mesmo e dizer que está servindo você. O trabalho em equipe é importante desde que se combine previamente quem ficará com todos os camarões.

7)      Seja impiedoso — Está bem, ninguém quer ser imoral, mas estamos falando de comida! Se a pessoa à sua frente não se mexe e impede seu acesso aos mexilhões, que desaparecem rapidamente, use o cabo do garfo discretamente entre a última e a penúltima costela. Se não der certo, use a ponta do garfo.

8)      Use coação — Geralmente, há um garçom servindo o prato quente. Provavelmente estrogonofe. É comum o garçom carregar no arroz para poupar o estrogonofe. Ao apresentar seu prato, encare-o e diga, com o olhar: “Eu conheço a sua laia, patife. Se me sonegar o estrogonofe, enfiarei a sua cabeça no molho vinagrete até que você morra!”.

9)      Despeça-se dele dando a entender que voltará em breve e ai dele se disser qualquer coisa como “você por aqui de novo?”. No caso de você e outro convidado espetarem o último pedaço de matambre ao mesmo tempo, sorria enquanto lhe aplica um pontapé.

10)   Você conseguiu e já está saboreando o prato quente enquanto outros, menos empreendedores, ainda nem chegaram perto dos tomates.

11)   E por último e não menos importante, não se desmobilize, Lembre-se de que ainda falta a batalha dos doces.





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